
Durante algum tempo, fui "sócia". Quinta, sexta, sábado - estávamos lá. A ponto de enjoar e desaparecer por algumas semanas, até sentirmos falta daquilo de novo. Lugares como aquele cruzamento são um campo fértil de que necessitamos para conhecer pessoas e trocar idéias. Até mesmo quando essas pessoas não se falam. Existe um significado em cada figurino e naquela dança de gestos e passos e corridinhas em várias direções, um sentido que emana até mesmo das figuras que pouco se mexem.
Quem veio hoje, quem não veio. O entusiasmo, a falta dele. Muitas de nossas referências estampadas nas camisetas ou ecoando nos altofalantes. Narizes torcidos quando não gostamos de algo - e são muitas coisas! Igualmente estimulantes. Um encontro de opiniões. Um desenho muito específico e muito pulsante - uma tatuagem no calcanhar da cidade. A celebração da amizade e da vida. Rever os novos e os velhos amigos, ao som daquela música, naquele ambiente imersivo (3D!!). Perder o fôlego de êxtase - com ou sem longnecks na cuca (dinheiro contado no bolso!).
De lugares assim, surge ALGO. Que talvez entre para a História da cidade. Ou até faça a cidade entrar para a História.
Muitos comentários se somaram à matéria que saiu no jornal, sobre o fechamento. Não esqueçam de ler o que os leitores postaram logo abaixo do texto da reportagem.
Algumas pessoas estão se manisfestando. Felipe Gurgel, baixista e agora assessor de imprensa da Secult, sugeriu um edital para as casas. Um edital interessante seria o de mostras permanentes de música, especificamente para os estabelecimentos como bares e restaurantes, independente do estilo, que tenham infra-estrutura para receber apresentações musicais. Assim, as casas ou os produtores ligados a essas casas poderiam propor programações semestrais consistentes, e o recurso estatal viria ajudar a pagar cachês (para artistas locais e de outros lugares) e passagens e hospedagens (para artistas de fora), por exemplo.
Isso desobrigaria as casas de trazerem só atrações conhecidas e que vão dar retorno de bilheteria. Um suporte para o intercâmbio e a circulação de shows fora do mercadão (quase todo mundo!!). E as casas também poderiam trabalhar melhor os cronogramas: divulgação, negociação com artistas, passagens mais baratas, outras parcerias. A grana do estado ou município não iria para bancar o estabelecimento de ninguém, e sim para dar suporte a uma programação.
A casa ganha com os serviços de bar, cozinha, sinuca, o que for. Esses serviços devem ser bons e o ambiente deve ser interessante. O Sebrae também pode ajudar na parte mais técnica - treinamento de pessoal, legislação, segmentação de mercado. Vale a pena pesquisar por aí, em revistas descoladas, na Internet e até perguntando para a galera que freqüenta. Todo mundo tem uma boa idéia para dar e está super interessado em opinar. Veja a felicidade na cara de quem teve uma sugestão aceita!
Aceitem essa: escolham entre o público da casa estudantes de arquitetura, novos designers e artistas plásticos, desenhistas, jornalistas, estilistas, e peçam que eles façam o projeto interno e externo da pequena casa de shows com a qual eles sonham, entre outras idéias para manter a coisa sempre com novidades. Ofereçam em troca uma carteira de sócio VIP vitalício, com direito a entrar sempre na faixa com acompanhante, e sempre com a primeira cerveja ou drink da noite de graça. E divulguem a autoria da parada!
Dado (dono do Noise3D) e Tanísio, baterista de outros empreendimentos sonoros da capital, também estão puxando uma série de reuniões com pessoas ligadas à Prefeitura. Fim de semana passado, estiveram com o Acrísio Sena, presidente do IMPARH - Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos. Foi criada uma comunidade no Orkut (Fortaleza Independente) e estão tirando comissões para tocar os encaminhamentos. Vai rolar outra reunião próximo sábado, dia 21 de julho, às 14h30, novamente no IMPARH. É aberta. Vão e nos contem como foi. ;]
2 comentários:
Não é à toa que quando se chega de qualquer lugar cinzento mundo afora, a primeira coisa a se fazer no Ceará é encher o peito de oxigênio.
Tipo isso aqui.
Aceitam vagas para embaixadores internos?
(...)
Não vou comentar sobre as ações de rehab do entorno do Noise. Apóio à minha maneira, como desde sempre: pagando entrada e gastando um bom ticket de consumo durante a noite. E se voltar, estaremos novamente lá. Eu e minhas moedas.
Querido embaixador interno, o post de hoje é pra você.
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