segunda-feira, 23 de julho de 2007

A Iracema turística que não queremos

Frequentei pouco Noise e Hey Ho. Deveria ter frequentado mais a esquina mais independente e underground de Fortaleza. É absurdo o argumento para fechar as casas que sobreviviam de seu público escasso e em busca de alternativas em uma cidade cheia de forrós entupidos de gente.

O poder público municipal deve ser convocado a entender o que está acontecendo na cidade. Com o fechamento das duas casas Fortaleza perde muito!

Essa é muito mais uma questão cultural que policial ou sanitária. É dever dos que fazem a gestão cultural manifestarem alguma opinião e esboçarem alguma reação.

No entorno do Dragão do Mar existem mais de trinta espaços de artistas que escolheram a Praia de Iracema como bairro para instalar seus ateliers, espaços de criação, comercialização ou simplesmente moradia. A Praia de Iracema significa algo para essas pessoas e com essas pessoas. Sobreviver ali é uma batalha de resistência travada cotidianamente. Acompanhei de perto a angústia de gente que milita pela requalificação da Praia de Iracema. Ações esporádicas e sem maior impacto foram o grande feito até então do poder público que ainda parece insensível à questão.

Não será fechando casas como o Hey Ho e Noise que a Praia de Iracema conseguirá ser o que todos queremos que ela seja. A prefeitura anterior concedeu alvarás de funcionamento a empreendimentos monstruosos que ainda sobrevivem na Iracema macaqueada para turista ver. Acredito que para recuperar alguma coisa digna do bairro boêmio o poder público tem que pensar a Iracema menos sobre a ótica do turismo e mais sobre a perspectiva cultural. Desenvolvendo-a culturalmente Iracema também será turística na melhor e mais saudável perspectiva.

A idéia de Felipe é muito boa, deveria ser considerada seriamente. A alguns anos, sob a perspectiva de atendimento do Sebrae, tentei esboçar um projeto para a Praia de Iracema considerando-a um arranjo produtivo local de cultura. Consideraríamos no projeto todos os pequenos empreendimentos culturais e o Dragão do Mar como âncora. Não consegui levar adiante essa idéia. Me coloco a disposição para continuar pensando essa alternativa que poderia trazer investimentos de órgãos estaduais e federais para um projeto assim.

Como embaixador de Fortaleza no mei do mundo, me preocupa seriamente a questão.

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